quarta-feira, 29 de abril de 2015

Goiás possui um policial para cada 375 habitantes

Goiás possui um policial para cada 375 habitantes

Efetivo policial é considerado pouco. Para Sinpol e MP, o maior problema da segurança pública em Goiás refere-se à qualidade do serviço e também à valorização dos profissionais
 

 
Hugo Oliveira
delegacia - 8ºDP (5)
Cela esvaziada no 8° DP agora é utilizada como depósito de materiais apreendidos: paliativo
Com um contingente de policiais aquém do necessário, a atuação das polícias Civil e Militar é muitas vezes questionada pela população. Adotar o padrão estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), de um policial para cada 250 habitantes, seria o mais recomendado. Por outro lado, a soma dos 3 mil policiais civis e 13 mil militares resulta em um policial a cada 375 goianos, número considerado insuficiente pelo secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita.
Mesmo com a contratação iminente de 2480 militares, 1.180 efetivos e outros 1,3 mil voluntários, e 750 policiais civis, o déficit nas corporações está longe de ser resolvido, mas pode ser amenizado. “Embora estejamos fazendo de tudo, o problema só vai terminar no dia que tivermos a ajuda de anjos”, observa.
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol), Silveira Alves, diz que o Estado tem o dever de resolver o problema valorizando o servidor. Mais grave, o problema da Polícia Civil ficou evidente com a divulgação dos 2.987 crimes ocorridos até 2008 que estão até hoje sem resolução por falta de pessoal para realizar as investigações. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, a impressão do secretário está correta, mas ressaltou que, até janeiro de 2014, Goiás poderá contratar outros 600 policiais, somando ao todo 1,3 mil, que representa 40% do total.
Ainda segundo Gorski, o Estado possui 5,6 mil policiais, entre delegados, agentes e escrivães, mas apenas 3 mil deles estão em serviço. O reduzido contingente é uma das principais reivindicações do Sinpol, que acompanha os números e os investimentos, dado o acúmulo de casos sem solução, sobretudo até 2008.
O problema, segundo Gorski, deve ser resolvido com ajuda da Força Nacional, que vem ao Estado em meados de agosto com dez equipes de quatro policiais, entre agentes, delegados e escrivães. Ele lembra que o efetivo de 1,3 mil policiais deve se debruçar sobre os casos acumulados ocorridos até 2008. “Temos casos acumulados hoje, mas o número é muito menor que o volume de casos ocorridos até o período”, afirma.
Embora as autoridades avaliem a questão do contingente, a qualidade do serviço é preocupante, conforme o coordenador do Centro Operacional do Ministério Público (MP-GO), Vinícius Marçal. Ele divide opinião com o Sinpol, ao apontar o que considera “sucateamento da Polícia Civil, o que seria o problema fundamental da Segurança Pública, além da desvalorização da polícia civil. Escassez de recursos e no pagamento dos funcionários também são citadas.
Em entrevista no início deste mês a O HOJE, Marçal lembrou a baixa celeridade no andamento das investigações por causa de sérias deficiências estruturais. “Grande parte do efetivo fica voltado para a conclusão de casos represados, não sobrando tempo pra instaurar inquérito de crimes que não tiveram flagrante”, observou à época. Ainda segundo ele, nos últimos dez anos, o quadro de servidores foi reduzido pela metade e há vários casos de delegados que deixaram cargos.

Nenhum comentário: